Entrevista com a autora:
1. Como vocĂª se descreve?
Persistente e tolerante. Acredito que seriam os melhores adjetivos para me descrever, porque sou bastante paciente em tolerar situações para alcançar aquilo que almejo e dificilmente desisto. Gosto do que faço e coloco toda minha paixĂ£o na escrita, porque desejo que as pessoas se apaixonem pela leitura, assim como eu.
Introspectiva. Alguns diriam que sou antissocial, mas a verdade Ă© que sou reclusa. Gosto de ficar sozinha, de fazer as coisas ao meu tempo, mas por outro lado sou bem extrovertida. Sei que parece que me contradigo, mas Ă© exatamente como sou. Em casa e com amigos mais Ăntimos ou no MSN onde sou menos tĂmida, sou bem brincalhona e sarrista. TambĂ©m sonho demais, sonho o tempo todo: com meus personagens, com novos personagens, com possibilidades. Sou tambĂ©m muito amiga, se alguĂ©m precisa de mim e tenho como ajudar, ajudo e quando nĂ£o tenho como ajudar, tento dar um rumo para que a pessoa encontre uma soluĂ§Ă£o.
2. Qual o significado dos livros na sua vida?
Sempre amei ler e isso me aproximou bastante da minha mĂ£e quando era menina, porque ela que me ensinou a escrever meus primeiros textos. Mais adulta, escrever me tirou de uma situaĂ§Ă£o bem complicada, estava com depressĂ£o, desistindo de tudo, me afastando da famĂlia, amigos, pessoas importantes para mim. Quando percebi, me foquei em algo que eu amava fazer e acredito muito que foi Deus que me direcionou a isto. Reencontrei meu rumo, alegria e escrever me ajudou a vencer muitas dificuldades pessoais. EntĂ£o posso afirmar que os livros e Deus me salvaram muitas vezes.
3. Cite 3 autores e livros favoritos.
Amo CrepĂºsculo e A Hospedeira e a narrativa da Stephenie Meyer. Costumo dizer que nĂ£o os filmes, mas os livros, porque ela sabe como envolver o leitor em cada sentimento que o protagonista vive.
A Denise Flaibam com Os MistĂ©rios de Warthia. Este foi um dos Ăºnicos livros de fantasia nacional que me conquistaram completamente. Sou fissurada por esta sĂ©rie.
E a Keila Gon. Ela sabe como criar um mistĂ©rio sobrenatural envolvente, instigante e tĂ£o palpĂ¡vel que as vezes parece ser capaz de se tornar realidade. O livro: Cores de Outono e Sombras da Primavera da sĂ©rie Cores.
4. Quando vocĂª começou a escrever e por quĂª?
Comecei a escrever entre dez e doze anos de idade, mas minhas histĂ³rias nĂ£o eram legais nĂ£o. Vejo essas meninas que publicam tĂ£o novinhas e fico pensando que eu era bem atrasada nessa idade, nĂ£o sabia formar frases direito, menos ainda personagens! Fico admirada com quem consegue.
Gostava de ler muito e chegou um momento que eu nĂ£o tinha mais o que ler na biblioteca da escola e comecei a reclamar com a minha mĂ£e. Ela me apresentou um livro que estava escrevendo. Achei tĂ£o incrĂvel que minha mĂ£e escrevia que quis imitar. O livro que ela escreveu, na Ă©poca, conseguimos publicar a pouco tempo e se chama Uma Janela Fechada.
Esse desejo reascendeu depois que li CrepĂºsculo e descobri qual era o meu estilo preferido de escrita: fantasia. O desejo de publicar veio depois de conhecer a escritora nacional Nazarethe Fonseca, pois vi que existiam escritores no Brasil tĂ£o incrĂveis quanto os que eu gostava estrangeiros.
5. VocĂª Ă© muito envolvida com projetos de reconhecimento e divulgaĂ§Ă£o da literatura nacional com a fanpage Literatura Nacional BR e seu Blog CoraĂ§Ă£o de Papel. Como avalia o cenĂ¡rio da literatura nacional atual?
Cada pequena aĂ§Ă£o, seja de um blogueiro ou vĂ¡rios, seja de um autor ou todos, ou apenas de um leitor que decide por um livro nacional ao invĂ©s de outro, muda nossa situaĂ§Ă£o atual. HĂ¡ dois anos, quase nĂ£o se ouvia falar em escritores nacionais – salvo os jĂ¡ renomados. Hoje, vemos muitos dando entrevistas, sendo chamados para eventos, sendo lidos, alĂ©m de algumas editoras que abriram mais as portas para os brasileiros que possuem esse talento. Eu acredito que Ă© o começo, Ă© Ă¡rduo, demorado, doloroso, mas em alguns anos teremos o prazer de ver em destaque nas livrarias mais livros nacionais que os estrangeiros, assistiremos filmes baseados em nossas criações e veremos leitores preferindo o que Ă© nosso ao que vem de fora, porque saberĂ£o que Ă© tĂ£o bom quanto, se nĂ£o melhor. Fico muito feliz de fazer parte disso, dessa mudança, de ter algum papel, mesmo que mĂnimo, na conscientizaĂ§Ă£o dos leitores, editoras, mĂdia, entre outros, de que o nacional tambĂ©m tem voz e letra.
6. De onde surgiu a ideia para InsĂ´nia e Hibrida?
Ambos os livros eram fanfics que eu publicava no site de Fanfics e alguns personagens eram inspirados na Saga CrepĂºsculo.
HĂbrida: Um dia surgiu uma pergunta na minha cabeça: O que aconteceria com a rixa entre lobisomens e vampiros, se os lobisomens tivessem de criar uma criança vampira ou vice versa? Da pergunta nasceu a Ellene e toda a trama da sĂ©rie, como de onde ela vem, o motivo de ter sido deixada entre os lobos e tambĂ©m Milosh, o vampiro que teve sua esposa e rainha sequestrada e que precisa descobrir onde ela estĂ¡, quem Ă© o traidor e como salvar sua espĂ©cie do caos eminente.
InsĂ´nia: InsĂ´nia era para ser um romance somente, comecei a escrever por causa de um amigo rpgista que se intitulava Eros. CriĂ¡vamos cenĂ¡rios e histĂ³rias diversas e na maioria das vezes ele me contava as melhores. Sempre fiquei abismada com a criatividade dele em contar histĂ³rias e decidi que dedicaria um personagem a ele. Criei os dois primeiros capĂtulos de InsĂ´nia, porĂ©m nĂ£o consegui continuar, porque meu forte Ă© a fantasia. A histĂ³ria ficou abandonada por trĂªs anos atĂ© que relendo tive um clique: E se o Pietro nĂ£o fosse apenas humano? E se tivesse algo mais por trĂ¡s dessa apariĂ§Ă£o? Foi assim que a sĂ©rie nasceu.
7. Vemos que se tornou algo viral, escritores de fanfics publicando livros, como vocĂª avalia essa transiĂ§Ă£o?
Depende muito do autor. Alguns tĂªm a preocupaĂ§Ă£o de mudar a caracterĂstica dos personagens, lugares e situações para que nĂ£o lembre os personagens que o inspirou, mas infelizmente, a maioria, nĂ£o faz isso.
Acho louvĂ¡vel o escritor que se preocupa em dar aos seus leitores algo realmente original, com personagens que, mesmo sendo de uma ex fanfic, sejam criações de sua mente, do seu coraĂ§Ă£o de escritor.
Eu sou a primeira a apoiar quem escreve fanfic a se arriscar a escrever um livro, mas desta forma, buscando tirar as caracterĂsticas dos personagens de outro escritor de seu livro, readaptar a histĂ³ria, complementar descrições, melhorĂ¡-la.
8. Algum dos personagens do seu livro foi inspirado em vocĂª? Ou em algum amigo, familiar, etc?
Quando começamos Ă© sempre melhor escrever o que conhecemos, e para criar alguns personagens precisei olhar para a minha famĂlia, nossa criaĂ§Ă£o e convivĂªncia. A Ellene e a Suzanna tem muito de mim, principalmente na forma de enxergar o mundo com inocĂªncia demais. Na Ă©poca eu nĂ£o conhecia nem livro erĂ³tico por exemplo, e a falta de conhecimento da vida fica um pouco evidente na forma que narrei os dois primeiros livros (InsĂ´nia e HĂbrida). Conforme fui amadurecendo, a escrita tambĂ©m amadureceu e hoje consigo separar bem mais o personagem das minhas influĂªncias pessoais.
A Ellene tem uma caracterĂstica bem pessoal minha: medo de insetos.
As famĂlias tambĂ©m possuem muito da minha: a uniĂ£o, as brincadeiras, a cumplicidade e o amor.
9. Quais os prĂ³ximos projetos?
Finalizar as duas sĂ©ries sĂ£o meus projetos mais urgentes, me dedicar ao lançamento de GuardiĂ£o que estĂ¡ prĂ³ximo e a alguns romances que finalizei e preciso amadurecer a escrita. Se tudo der certo, um destes romances serĂ¡ publicado em 2016. Assim espero!
10. Deixe um recado para os seus leitores.
Primeiro quero agradecer a todos os blogs que se apresentaram para a parceria da primeira ediĂ§Ă£o de HĂbrida, por apoiarem a Semana Neblina e EscuridĂ£o e a todos os autores nacionais. Sem vocĂªs, muito do que conquistamos nĂ£o teria sido alcançado.
Aos leitores: muito obrigada! Espero que tenham gostado da entrevista e que busquem conhecer um pouco mais dos livros. Boa leitura a todos!
Com carinho, Mari Scotti